março 29, 2008

Inspirado na última postagem.



Inspirado no post passado, criei essa estampa Che-Cangaceiro. Ficaria boa numa camisa não?

março 24, 2008

Hermanos en Liberdad



Um dia eu conversava com o Tiago Seixas, grande pessoa e grande professor, sobre a Argentina. Não sei como chegamos no assunto, mas com a sua conversa lúcida de sempre, o Tiago elogiava aspectos do pais. E soltou uma daquelas pérolas suas de costume: “é muito estranho a rivalidade que a mídia alimenta entre o Brasil e Argentina”. No caso, ele falava do discurso criado na industria futebolística. Sim, indústria e um dos mais poderosos veículos de massa atuais, e como tal, formador de opinião(de massa).

Países tão próximos, tão fortes e, porém, separados ideologicamente por uma rivalidade no mínimo estranha, visto que, se juntos, esses países formariam uma grande potência sul-americana capaz de abalar as estruturas econômicas globais.

Um tratado de Tordesilhas persistente assim deve mesmo ser muito conveniente pra alguém.

Ao chegar em Buenos Aires, a conversa com o Tiago me veio a mente. Tive a sorte de conhecer um bairro de periferia: Libertad, zona oeste da província de Buenos Aires. Uma periferia bastante hermana se comparada às comunidades periféricas das grandes cidades brasileiras. A cena é aquela mesma de sempre: trens lotados, desemprego, desigualdades sociais, medo generalizado, etc. Ricos cada vez mais ricos, pobres cada vez mais pobres.

Exuberantes em belezas naturais, explorados em ganâncias imperiais desde seu “descobrimento” até hoje, esses paises sempre foram fadados a eterna condição de colônia.

Caminhando pelo bairro da Liberdad, era impossível não pensar na periferia do Brasil. Meus Deus, como a história se repete. Lendo o livro do Eduardo Galeano, Las venas abiertas de América Latina(download aqui), entendi que a cultura da mentira, da escravização, dos homicídios, da exploração de recursos naturais, de golpes militares, de injustiças sociais, de tramóias político-econômicas globais também são histórias que se repetem em todos os paises latino-americanos.

Se no futebol no somos ni un poquito hermanos, na peleja da vida somos quase gêmeos.

É triste ver irmãos tão próximos que, por motivos de força maior(histórica, econômica, política, militar, mídiatica, futebolísticas, etc), nunca vão falar a mesma língua no sentido de compartilhar fardos,injustiças, lutas, conquistas.

Acho que não interessa ao mundo a possibilidade de Pelézinhos e Maradoninhas crescerem juntos. Pois assim, o permitiriam que brincassem de Chico e Borges. De Cartola e Gardel. De Che Guevara e Lampião.

Por alguns segundos fiquei imaginando uma brincadeira assim.
Em Libedad....Buenos Aires.